territórios

ABORDAGEM TERRITORIAL DA REDE

A Rede Sociobiodiversidade SP reconhece que as cadeias de valor da flora nativa se estruturam de forma distinta em cada região do estado. Características ambientais, perfil de produtores, presença de comunidades tradicionais, arranjos institucionais e dinâmicas de mercado variam significativamente entre territórios, exigindo estratégias regionalizadas de fortalecimento e estruturação de cadeias produtivas.

Por esta razão, o projeto adota uma estratégia de polos territoriais para suas ações. Cada polo concentra encontros presenciais, diagnósticos participativos, mapeamento de cadeias locais e elaboração de planos de ação específicos. Esta abordagem permite que as soluções construídas respeitem especificidades ecológicas, sociais, econômicas e culturais de cada região, integrando conhecimento científico com saberes e práticas desenvolvidos historicamente pelas comunidades.

Os encontros territoriais reúnem agricultores familiares, representantes de comunidades tradicionais, pesquisadores, técnicos de assistência rural e gestores públicos municipais e estaduais em oficinas estruturadas para mapear cadeias produtivas, identificar gargalos e oportunidades, priorizar ações e definir responsabilidades compartilhadas.

POLOS TERRITORIAIS

POLO 1: VALE DO RIBEIRA E LITORAL SUL

O Vale do Ribeira concentra a maior área contínua de Mata Atlântica preservada do Brasil, abrigando expressiva diversidade biológica e cultural. A região possui 33 comunidades quilombolas, 16 terras indígenas e populações caiçaras com conhecimentos tradicionais consolidados sobre manejo de espécies nativas. Esta combinação de alta biodiversidade e presença de povos e comunidades tradicionais faz do Vale do Ribeira um território estratégico para o desenvolvimento de cadeias da sociobiodiversidade.

Características do território:

  • Alta cobertura de vegetação nativa (59 Unidades de Conservação)
  • Presença significativa de comunidades quilombolas, indígenas e caiçaras
  • Tradição em manejo de espécies como juçara, pupunha, banana e plantas medicinais
  • Desafios: infraestrutura de escoamento, acesso a mercados, regularização fundiária
  • Oportunidades: mercados institucionais, certificação orgânica, turismo de base comunitária

Espécies-chave identificadas: Juçara (Euterpe edulis), pupunha (Bactris gasipaes), cambucí (Campomanesia phaea), espécies para restauração ecológica, plantas alimentícias não convencionais (PANCs)

Ações realizadas: O 1º Encontro da Rede Sociobiodiversidade SP foi realizado no Vale do Ribeira em 2024, reunindo mais de 50 participantes para mapeamento inicial de cadeias produtivas locais, identificação de gargalos e oportunidades, e construção participativa de propostas de ação. A partir deste encontro, iniciou-se a estruturação de grupos de trabalho regionais e a elaboração de diagnósticos sobre cadeias prioritárias do território.

POLO 2: VALE DO PARAÍBA

O Vale do Paraíba representa um território com características distintas do Vale do Ribeira, marcado por forte histórico de degradação ambiental relacionado ao ciclo do café e processos de urbanização e industrialização. Atualmente, a região vivencia processos de restauração ecológica em larga escala e desenvolvimento de cadeias produtivas voltadas à recuperação de áreas degradadas, sistemas agroflorestais e produtos madeireiros e não madeireiros de espécies nativas.

Características do território:

  • Histórico de desmatamento e degradação (menos de 20% de cobertura florestal)
  • Forte presença de iniciativas de restauração ecológica
  • Proximidade de grandes centros urbanos (São Paulo e Rio de Janeiro)
  • Agricultura familiar diversificada com interesse crescente em sistemas agroflorestais
  • Oportunidades: mercado consumidor próximo, crédito de carbono, pagamento por serviços ambientais

Espécies-chave identificadas: Espécies para restauração florestal (nativas da Mata Atlântica), palmito juçara, aroeira, jabuticaba, frutíferas nativas, essências florestais

Ações previstas: O 2º Encontro da Rede Sociobiodiversidade SP está previsto para dezembro de 2025 no Vale do Paraíba, seguindo metodologia similar ao primeiro encontro: diagnóstico participativo, mapeamento de cadeias, identificação de gargalos e oportunidades, e elaboração de planos de ação territorializados. O evento buscará engajar atores locais e fortalecer articulação entre iniciativas de restauração ecológica e desenvolvimento de cadeias produtivas da sociobiodiversidade.

METODOLOGIA DE TRABALHO TERRITORIAL

Os encontros territoriais seguem metodologia estruturada em seis etapas:

  1. Seleção de cadeias de valor prioritárias para mapeamento no território
  2. Mapeamento participativo das cadeias produtivas com atores locais
  3. Construção de visão de futuro desejado para cada cadeia
  4. Identificação de oportunidades e gargalos em diferentes elos das cadeias
  5. Priorização de gargalos mais críticos para estruturação das cadeias
  6. Elaboração de plano de ação com responsabilidades compartilhadas entre atores

Esta metodologia, adaptada da abordagem Value Links (GIZ), permite construir de forma colaborativa estratégias específicas para cada território, integrando conhecimento técnico-científico com experiências práticas dos atores locais.

PARTICIPE DOS ENCONTROS TERRITORIAIS

Os encontros territoriais são abertos à participação de todos os membros da Rede e de novos interessados que atuam nas regiões. As datas e locais dos próximos encontros são divulgadas com antecedência através do website e redes sociais da Rede Sociobiodiversidade SP.

Se você atua em algum dos territórios mencionados ou em outras regiões de São Paulo com iniciativas relacionadas à sociobiodiversidade, cadastre-se na Rede e participe da construção coletiva de estratégias para fortalecimento das cadeias produtivas.